Quem não gosta de viajar, conhecer novos lugares, novas culturas?
Mas quando a pessoa volta, nem sempre achou tudo as mil maravilhas, mas muitos optam por não contar a verdade sobre algumas impressões ruins dos lugares visitados, contam apenas o que os outros querem ouvir, uma versão mais idealizada da realidade.
Pensando nisso, o jornalista Kiko Nogueira (ex-diretor da redação da revista “Viagem e Turismo” e do “Guia Quatro Rodas”) criou a coluna “O Turista Razoável”, assinando como Jota Pinto Fernandes, seu pseudônimo.
A coluna fala sobre a realidade nua e crua sobre as viagens, sem poupar detalhes e comentários irônicos. E o sucesso foi tão grande que os textos dessa coluna viraram o livro “Confissões de um Turista Profissional”, publicado pela Editora Novo Conceito.
“Jota Pinto acha que Dubai é uma miragem tirada de uma loja de abajures do centro de São Paulo, que pousadas românticas as quais não aceitam crianças são racistas e que os paulistas estão para o Brasil assim como os americanos estão para o mundo.
Não é mau humor. É aquilo que você não tem coragem de dizer quando seus amigos voltam de Orlando e o chamam para ver as fotos e o filminho”.
Em relação ao Brasil, ele fala sobre temas polêmicos como prostitutas do Rio fazendo curso de inglês (oferecido pelo Governo) para atender melhor os clientes em épocas de grandes eventos (ele cita o Pan, mas já vale para Copa e Olimpíadas).
Fala também sobre os artesanatos que nem sempre são feitos pelo povo local, muitas vezes são fake e de má qualidade, apenas para “enganar turista”.
E também critica bastante os paulistas, que para ele estão para o Brasil, como os americanos para o mundo, porque não importa para onde eles viajam, sempre dizer que “alguma coisa é melhor lá em São Paulo” (eu como paulista deveria me opor a esse comentário, mas o pior é que as vezes realmente acontece =x kkkkk)
“Quem já viu um paulista, naquele restaurante em Salvador, reclamar que o serviço está lento? (…) O paulista carrega dentro de si a responsabilidade inata de pertencer ao Estado mais rico do país.
O lugar onde ninguém tem tempo para outra coisa senão trabalho. (…) A garçonete demorou para atender? Em São Paulo, isso não aconteceria.
O vendedor de coco não tem troco? Em São Paulo, isso não aconteceria. (…) Para quem esta recebendo os paulistas, fica aquela pergunta: por que eles são assim? A resposta: porque somos ricos.
Os paulistas estão para o Brasil como os americanos estão para o mundo”.
O autor critica o uso desenfreado da câmera digital, que hoje em dia qualquer um se acha fotografo e muitas vezes deixamos de apreciar a vista ou sentir o lugar, porque queremos tirar mil fotos.
“A experiência de viajar e olhar as coisas pela primeira ou última vez, o deleite de admirar uma montanha de neve, um recife de corais, o Guggenheim, a Vênus de Milo, o Lago di Garda, o Corcovado, só se dá através da telinha”.
Ele cita a extinção do turista japonês, que Orlando é um paraíso artificial, da importância do “Portunhol” e muitos outros assuntos. Destaco trecho sobre o Museu do Louvre (Paris/França), que ele não recomenda a visita a Monalisa, pelas filas e transtornos, tudo para uma olhada rápida:
“Ela está rindo de você! Vai a Paris? Eis um programa para você evitar numa primeira visita (e também na segunda, quarta, oitava) não visite a Monalisa no Louvre.”
Enfim, um livro com muitas dicas realistas e bem humoradas, que falam com sinceridade sobre vários roteiros turísticos bem cobiçados e altamente idealizados.
Uma leitura rápida e que flui muito bem, da para ser lido em apenas uma tarde. Recomendo!
Confissões de Um Turista Profissional
- Autor: Nogueira, Kiko
- Editora: Novo Conceito
- Número de Paginas : 94
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Resenha originalmente publicada em 07/01/2012 no meu blog literário “Dear Book” (clique aqui para acessá-lo).
Confira outras resenhas de livros sobre viagens:
- “1.000 lugares para conhecer antes de morrer” (Patricia Schultz)
- “Não comprei na Zara. Gastei na viagem” (Amanda Noventa)
- “Malas, Memórias e Marshmallows” (Fernanda França)
- “101 Coisas para fazer antes de casar, engravidar ou envelhecer” (Sarah Ivens)
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Adorei a sugestão de leitura. Hoje impera o cuidado com a própria opinião, pois pode ofender. Verdades podem doer, mas se ditas com cuidado sao só verdades, não ofensas. Às vezes sou a única chata a dizer que não gostei de determinada cidade ou que tal destino é supervalorizado.
Muito engraçado e pertinente, nos tempos modernos fica difícil de desligar da máquina fotográfica! Fiquei com vontade de ler o livro!
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